domingo, 24 de agosto de 2014

Agamben e a Inoperosidade

[Como o acaso produz insights]

Deixei para ler hoje um texto que já tinha salvo em meu computador há alguns dias. É uma entrevista com o filósofo italiano Giorgio Agamben. Cada trecho das suas respostas tem um valor especial, de maneira tal que me parece impraticável destacar isso ou aquilo .

Só que, ao executar a tarefa cotidiana de "me perder" na timeline do face, me deparei com um link que produziu um diálogo imediato com uma das respostas que eu lera há pouco na entrevista. Trata-se de uma arquiteta grega que manipula objetos de uso doméstico, como regadores, garfos, pratos, etc, deturpando seus usos mas mantendo suas características. O caráter de utilidade do objeto é esvaziado, fazendo dele uma peça de arte. Porque, afinal, a arte não é nada mais que descobrir as potencialidades da inutilidade; ver beleza em tudo aquilo que não envolve atividades de sobrevivência ou reprodução. Arte é dançar com vazios, brincar com lacunas e abismos.