sexta-feira, 12 de março de 2010

Resenha - The Blue Nile

Esses dias, descobri uma banda chamada The Blue Nile por um motivo quase trivial: lendo uma matéria dos discos prediletos dos integrantes do Marillion (uma banda da qual gosto cada vez mais, e em breve escreverei sobre isso no blog), percebi que dentre dez discos citados pelo vocalista Steve Hogarth, dois são do BN.



Minha curiosidade ia aumentando na medida em que percebia a escassez de informações sobre a banda na internet. Alguns sites definiam seu som como soturno ou melancólico, outros como introspectivo e minimalista. Mas o que chama a atenção é o fato de, num período de mais de vinte anos, eles terem lançado apenas quatro discos.


Por fim, ainda que não fosse tão bom e genial quanto o que algumas resenhas afirmavam, pelo menos eu fiquei instigado o suficiente para ouvir e tirar minhas próprias conclusões.




Feito isso, confesso que o som me agradou bastante. Me lembrou as canções mais intimistas de alguns discos que já ouvi muito no passado, como Both Sides, do Phil Collins (um de seus discos menos xaropes e mais introspectivos), ou algumas baladas dos anos 80 e da era do tecnopop.


A voz de Paul Buchanan me lembra tanto alguns momentos do Paul Carrack (artista pop e vocalista da banda Mike and the Mechanics) quanto o timbre do Brendan Perry (o vocal masculino do Dead Can Dance). As semelhanças, no entanto, não são depreciativas; muito pelo contrário. Os vocais emocionados de Buchanan é um dos pontos altos do Blue Nile.



Uma boa resenha que achei no site Whiplash comparava o álbum Hats, de 1989, à algumas coisas novas do Marillion. Alguns ecos podem ser mesmo notados, mas eu acho que os discos antigos do Blue Nile estão mais próximos de coisas do pop de sintetizadores típico da década de 80. Mas não pense nos sons datados de churrascaria: a obra desses escoceses resume o lado de maior bom gosto do universo oitentista. Em suma, estaria mais para um Vangelis do que para uma Bonnie Tyler ou uma Cyndi Lauper, por exemplo.


Dos quatro discos deles, até agora gostei mais do High, que além de ser o mais introspectivo, me lembra algumas coisas de lounge que eu gosto. Um dos singles do disco, Soul Boy, é um típico tema lounge do mais alto calibre. Fora que esse disco tem um equilíbrio maior entre cordas e sintetizadores que os outros.


A banda continua na ativa, com apenas dois dos três membros originais, Paul Buchanan (vocal e guitarra) e Robert Bell (baixo e teclados). Na lista de colaborações dos caras, se contabilizam nomes como Julian Lennon (em breve, escreverei um texto sobre os “baby beatles”), Maire Brennan (do Clannad, irmã de Enya), Rickie Lee Jones (a Joni Mitchell dos anos 80. Mas e a Suzanne Vega? Essa estaria mais para um Leonard Cohen de saias!), Annie Lennox (Eurythmics), Peter Gabriel, e até com Mel C. (ex-Spice Girls).


Uma curiosidade: o primeiro disco do Blue Nile, A Walk Across the Rooftops, é o no 521 na lista dos 1001 Discos Para Se Ouvir Antes de Morrer, de Robert Dimery.


2 comentários:

Bruna Trovão disse...

achei legal, mas pra ouvir som assim depende muito do humor pra ser sincera, não posso estar nem muito depre, pra num me afundar mais, nem muito alegre que vai destoar...
mas é legal!

Rafael Senra disse...

O Blue Nile é bem inusitado, não é necessariamente deprê, mas tem algo de reflexivo e tranquilo.

É um tipo de som que "funciona" em momentos de tristeza, mas não é angustiado como um The Cure, por exemplo. Radiohead, pra mim, é muito mais deprê.

Abração!